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Coimbra do Mondego
Como seria esta cidade sem rio? Coimbra não era com certeza.
Porque não haveria hortas, nem campos. Nem a cobiça dos homens que duramente a conquistaram e a povoaram.
Não haveria o Conde Sisnando. A Rainha Santa não teria feito da cidade mansão celeste no seu Convento de Santa Clara, Inês de Castro não teria pousado na Quinta que é chamada de suas Lágrimas e a mais linda história de amor contada em português não existiria.
Não haveria o amor dos estudantes, António Nobre ficaria sem a Torre de Anto. O Choupal e o Penedo da Saudade não conheceriam o sabor de um beijo às escondidas. Ai! Coimbra!…
Coimbra teria que existir para que os doutores continuem a cantá-la nos seus fados.
A Universidade foi eleita Património Mundial da Humanidade em Junho de 2013.
Lá dentro estão todos os saberes! E o que nós vemos são os Colégios antigos onde os doutores se formavam em Leis, em Letras, em Filosofia ou Teologia.
Lembra a aventura dos reis (D, Dinis e D. João III), ou de ministros de reis (Marquês de Pombal) que edificaram esse corpo gigantesco onde nos surpreendem recantos cuja beleza, nobreza, caracter e tempo se cristalizam. E transpõe-se com emoção a Porta Férrea, olha-se a Torre. Fechando depois os olhos sobre o soar de um sino, entra-se na capela áulica onde se pediram milagres, na Biblioteca Joanina onde a patine do tempo pousa na lombada de livros com letras douradas.
Oh Coimbra do Mondego
e dos amores que eu lá tive [bis] quem te não viu anda cego
quem te não ama não vive
quem te não viu anda cego
quem te não ama não vive
Do Choupal até à Lapa
foi Coimbra meus amores [bis] e sombra da minha capa
deu no chão abriu em flores [bis](Coimbra do Mondego, Zeca Afonso)